(Veja) Candidato favorito na corrida para suceder o peemedebista Eduardo Cunha
na presidência da Câmara, o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) aparece
recebendo propina em vídeo gravado pelo ex-secretário do governo do Distrito
Federal Durval Barbosa. A acusação foi feita por duas testemunhas ouvidas por
VEJA: o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) e o ex-gerente da Codeplan
(Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal) Luiz Paulo Costa Sampaio.
Durval Barbosa é delator do escândalo do mensalão do DEM no DF, esquema
de cobrança de propina de empresas que prestavam serviços ao governo do DF e
responsável direto por abreviar o mandato do então governador José Roberto
Arruda (ex-DEM). Às vésperas da eleição para o mandato-tampão na Câmara,
Alberto Fraga e Luiz Paulo Sampaio aparecem como testemunhas do escândalo que
pode minar as pretensões de Rosso. Os dois engrossam a lista das pessoas que
dizem ter assistido ao vídeo em que Rogério Rosso aparece recebendo dinheiro. O
primeiro de todos eles foi o técnico em informática Francinei Arruda Bezerra,
que confirmou o episódio à justiça.
“Assisti [ao vídeo], mas faz tempo. O próprio Durval me mostrou. Tem
vídeo dele [Rogério Rosso] e tem vídeo da mulher [esposa de Rosso, Karina
Rosso]. Ele aparecia pegando dinheiro”, disse Fraga a VEJA. O deputado foi
depositário das imagens por quase um semestre e as guardou em um lugar seguro.
O motivo: Durval Barbosa tinha medo de morrer e não queria que as provas
desaparecessem.
“O vídeo não vai aparecer, mas o Durval tem. Não vai aparecer porque o
Durval não tem interesse em botar isso para fora agora. Eu fiquei como
depositário desses vídeos durante quase dois meses. Durval tinha medo de
morrer”, afirma.
Luiz Paulo Costa Sampaio, que trabalhou com Francinei e com Durval
Barbosa, também compromete o candidato à presidência da Câmara. Diz que ele
próprio viu quatro vídeos do Rosso. Em um deles, descreve que o deputado estava
de camisa clara, e, sozinho, recebeu “dois ou três” maços recheados de notas de
100 reais e guardou a propina em uma sacola de papel, como as de lojas de
shopping. O ex-servidor da Codeplan tentou fechar um acordo de delação
premiada, mas não conseguiu.
A VEJA, o ex-servidor detalhou que, antes de repassar a propina, Durval
exibiu o maços para que a Câmara pudesse captar as imagens. O dinheiro foi
recolhido, segundo ele, de empresas de engenharia na PPP que atuaria na
construção do Centro Administrativo do Distrito Federal, uma obra que, segundo
a controladoria-geral do DF, estava eivada de irregularidades.
O promotor Clayton Germano, que atua nas investigações da Operação Caixa
de Pandora, contesta a existência do vídeo contra Rogério Rosso. “Falar de
vídeo novo é politicagem, coisa de submundo”, diz. Segundo ele, Francinei não
tem “credibilidade” e que apresenta versões conflitantes sobre a existência ou
não de vídeos inéditos de políticos embolsando propina. “Não vamos dar corda
para uma versão fantasiosa [de vídeo de Rosso]. A verdade não pode vir a conta
gotas. Nas circunstâncias em que ele apresenta as informações, às vésperas da
eleição na Câmara, parece politicalha”, afirmou.
O deputado Rogério Rosso foi procurado e não foi encontrado.
*Fonte: veja.com
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