(Por Hélio Doyle) É tão grande o conservadorismo, o obscurantismo, a
ignorância e o autoritarismo de alguns distritais que a deputada Sandra Faraj
(foto) interpelou o diretor do Centro Educacional 06 da Ceilândia para
contestar o conteúdo ministrado por uma professora em sala de aula. A deputada
Faraj enviou ofício ao diretor da escola pedindo “esclarecimentos e
informações” sobre denúncia que recebeu: um professor passou para seus alunos a
elaboração de um trabalho em grupo sobre um dos seguintes temas: homofobia,
integração entre gêneros, pansexualidade, relações poliamorosas e
transsexualidade.
Para a deputada, isso não pode. Segundo ela, o trabalho
pedido pelo professor vai “de encontro às leis distritais e nacionais
vigentes”. Na verdade, vai de encontro é às convicções pessoais dela. E vai ao
encontro da defesa da diversidade e do combate aos preconceitos. É quase
desnecessário dizer que a deputada Faraj é da bancada evangélica
fundamentalista e de direita. Seu partido, aliás, é o Solidariedade, liderado
por Paulinho da Força – pelego sindical e deputado ligado a Eduardo Cunha.
Felizmente há muitos evangélicos sérios e inteligentes.
Distrital é distrital, professor é professor
É absurda a interferência de uma deputada distrital no
conteúdo ministrado por um professor em sala de aula. A autonomia pedagógica do
professor tem de ser defendida pelo governo e pela Secretaria de Educação. Cabe
apenas à escola e às instâncias educacionais agir quando há abusos ou
ilegalidades. O que, obviamente, não é o caso. Faz bem o Conselho dos Direitos
da Criança e do Adolescente do Distrito Federal em apoiar a escola e o
professor, repudiar a ação da distrital retrógrada e pedir à Promotoria de
Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude que analise a postura da
deputada.
Aliás…
A obscurantista e atrasada deputada Sandra Faraj comanda,
por intermédio de um aliado, a Secretaria de Justiça e Cidadania do governo de
Brasília. Imagine-se que tipo de justiça defende e que tipo de cidadania ela
promove.
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