quarta-feira, 6 de julho de 2016

Distrital é distrital, professor é professor

(Por Hélio Doyle) É tão grande o conservadorismo, o obscurantismo, a ignorância e o autoritarismo de alguns distritais que a deputada Sandra Faraj (foto) interpelou o diretor do Centro Educacional 06 da Ceilândia para contestar o conteúdo ministrado por uma professora em sala de aula. A deputada Faraj enviou ofício ao diretor da escola pedindo “esclarecimentos e informações” sobre denúncia que recebeu: um professor passou para seus alunos a elaboração de um trabalho em grupo sobre um dos seguintes temas: homofobia, integração entre gêneros, pansexualidade, relações poliamorosas e transsexualidade.

Para a deputada, isso não pode. Segundo ela, o trabalho pedido pelo professor vai “de encontro às leis distritais e nacionais vigentes”. Na verdade, vai de encontro é às convicções pessoais dela. E vai ao encontro da defesa da diversidade e do combate aos preconceitos. É quase desnecessário dizer que a deputada Faraj é da bancada evangélica fundamentalista e de direita. Seu partido, aliás, é o Solidariedade, liderado por Paulinho da Força – pelego sindical e deputado ligado a Eduardo Cunha. Felizmente há muitos evangélicos sérios e inteligentes.


Distrital é distrital, professor é professor

É absurda a interferência de uma deputada distrital no conteúdo ministrado por um professor em sala de aula. A autonomia pedagógica do professor tem de ser defendida pelo governo e pela Secretaria de Educação. Cabe apenas à escola e às instâncias educacionais agir quando há abusos ou ilegalidades. O que, obviamente, não é o caso. Faz bem o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal em apoiar a escola e o professor, repudiar a ação da distrital retrógrada e pedir à Promotoria de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude que analise a postura da deputada.

Aliás…

A obscurantista e atrasada deputada Sandra Faraj comanda, por intermédio de um aliado, a Secretaria de Justiça e Cidadania do governo de Brasília. Imagine-se que tipo de justiça defende e que tipo de cidadania ela promove.

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